segunda-feira, janeiro 10, 2005

da minha janela

da minha janela vejo o céu.
da minha janela vejo as cores da cidade.
da minha janela perco-me em paletas de brilhos infindáveis que se movimentam em sequências cheias de contrastes mecânicos, opacos que se alternam em batidas contínuas e suaves.

da minha janela agarro o sol. com os olhos fechados.

da minha janela vejo abraços que se complementam e se confundem com os olhares concentrados dos que passam apressados e com o vagar dos que se limitam a devanear, sorvendo cada detalhe da caminhada com a avidez de quem se encontra pela primeira vez.

da minha janela vejo-me a percorrer os caminhos que tenho percorrido desde sempre. vejo as nuvens abertas do tempo que passou, vejo caras e cheiros e sabores e buganvílias cor-de-rosa que já deixaram de abrir há muitos anos.
da minha janela vejo alegrias e tristezas passeando de mãos dadas.

da minha janela vejo outras janelas.

o que será que se vê
daquela janela

?