sexta-feira, janeiro 21, 2005

amor à primeira vista?

há coisas que me fazem não acreditar minimamente no amor à primeira vista. paixões à primeira vista, isso sim, há por aí aos milhões. paixões avassaladoras só porque sim, só porque se olhou para alguém com outros olhos, com olhos de quem deseja, de quem quer aproveitar antes que se esgote. porque a paixão esgota. é como o vodka-groselha: é doce, é colorido, cativa-nos ao primeiro copo. mas enjoa. tem um prazo. ao fim de um tempo já não o podemos ver. e ao fim de mais um tempo já nem nos lembramos que existe. claro que é bom, aliás óptimo. mas é efémero, esbate-se. como a paixão. o amor não pode por definição ser efémero. o amor é mais complicado, requer uma habituação, um determinado estado de espírito, uma certa maturidade. o verdadeiro amor nunca começa como se espera que comece. tem sempre uma história qualquer por detrás. um período de adaptação. uma vivência. é complexo, quente, consolador. já passou por muito. o amor é a paixão sem a histeria. conquista-nos à força de muita insistência, de muito convívio. e por muito que uma paixoneta nos possa cativar de vez em quando, não há nada como um bom amor de muitos anos: um single malt com uma pedra de gelo, se faz favor.