mataste-me e eu morri. não quis sequer pensar em tentar lutar, resistir, sobreviver...mataste-me e eu, na minha placidez inexperiente, deixei-me morrer. e morri tanto, devagar, em bocados de tempo e de tortura que pareciam eternos e irremediáveis. e foram, realmente. sufocaste-me no teu olhar e no teu sonho imberbe (quando os dias eram curtos e as noites intermináveis e nós não pensávamos nunca) e esfaqueaste-me com a tua indiferença no dia em que não me conseguiste enfrentar. mataste-me e eu morri, sim, de uma morte intensa, quase lírica, se não fosse a mesquinhez que a enfeitou de grinaldas e a acompanhou sempre, tão inútil, tão cínica, tão grandiosa.
mataste-me, eu morri. [os teus olhos morreram também comigo]