domingo, janeiro 29, 2006

o frio (um quase re-post)

está aquele frio que eu detesto. que não se aguenta, que não me deixa sair à rua, que despe as árvores e que me faz antecipar (mais) uma manhã gelada feita de camadas de roupa e de cigarros fumados no intervalo com as mãos a tremer. aquele frio que me faz sentir bem apesar de tudo porque tenho casa e cobertores e aquecedores a gás, a óleo e a electricidade. aquele frio que faz nevar e que traz milhares de pessoas à rua, numa romaria de um íncrivel provincianismo que noutras alturas talvez me tivesse incomodado. mas não agora, agora acho piada e já não me entristeço tanto com as outras pessoas como comigo mesma.

e a vida às vezes é mesmo assim como o inverno, imprevísivel e limitadora e causadora de pequenas raivas inexplicáveis. e eu perco a paciência e só me apetece gritar às altas instâncias divinas para que me devolvam pelo menos uns 25ºC, aquele sol que as minhas janelas adoram e a minha boa-disposição. tenho de esperar com as minhas nuvens, cinzentas como todas as outras, bafejadas ocasionalmente por um sol tímido que me relembra esse verão glorioso em que tudo é luz.

há uma qualquer citação que diz que a vida pode ser uma íncrivel aventura - ou nada, e que na natureza não existe segurança nem nós humanos a havemos de experimentar como um todo.

contemos com isso - e com a antecipação de melhores verões!

segunda-feira, janeiro 23, 2006

parenting for dummies

o problema não são as fraldas, as fortunas que se gastam com a educação, as noites mal-dormidas

todos os clichés da paternidade.

o verdadeiro problema é o mundo, e a maneira como ele se redimensiona tenebrosamente nas nossas cabecinhas de reprodutores, exigindo um aperfeiçoamento constante de todas as nossas técnicas de resistência à paranóia que teima em fazer parte dos dia-a-dias

de todos nós.

domingo, janeiro 08, 2006

mau humor

vai faltando, devagarinho e com aquela dormência característica dos hábitos ja impregnados nas vivências. vai fugindo aos poucos, assustada por corriqueiros bric-à-bracs de gente e de feitios, desmoralizada como é a natureza humana actual, desprovida de longevidade e assassina de ímpetos. não quebres a corrente, não te insurjas, mascara-te apenas de hipócrita para que pareças diferente - mantém-te sempre igual, inabalável. destrói-me a pouca paciência que me resta com fábulas decoradas dos cinismos actuais, ofende-me com a inércia e a falta de carácter que são a nossa doença favorita. limita-me com falsos propósitos de evolução e de grandeza e mina-me o subconsciente de paranóias que são manifestações da subserviência à tua condição eterna e destrutiva.

é falta de paciência, é o que é.