terça-feira, maio 17, 2005

vejo


através dos sonhos e das paredes, das ambições descontroladas e das vontades exigentes e que me desgastam em ciclos de quente e frio desesperante. através do que é, do que agarro e toco e transformo, em manipulações efémeras e que só o são porque nem sempre me apetece deixar-me ir; gosto de ser controlada, e muito, gosto de me sentir peão ou cavalo sabendo de antemão que posso ser rainha sempre que me apetece; através de volteios e de sopros de meias-verdades e mentiras escondidas na opacidade da inflamável distância que perturba e corrói, na inalteração das constantes construindo a sua torre de camuflada indiferença. através das torres e dos castelos, da luta, dos leques que cobrem os olhares e esfriam as palavras, dificultando o que seriam de outro modo inatas traduções, tão agradáveis na sua simplicidade e delicadeza.

cega-me tanto quanto quiseres, eu vejo tudo.