domingo, maio 29, 2005

em papel e caneta


são imensidões de azul-prateado que se estendem à minha frente. insurgem-se no meu vazio garrido e levam-me ao colo, de olhos bem fechados, para recordações próximas de outras cores - outros calores. encho-me de uma satisfação calma e imensa, de sorrisos desbragados e cinzas que se desorientam na inquietude dos movimentos e das sensações. são as tardes de primavera [quentes, em que o tempo - sempre tão pouco - parece querer congelar] que se opõem a este vento solitário e descontrolado que quer tomar conta de mim. eu congelo, com o tempo, para me derreter logo a seguir, em imagens que me torturam por não as conseguir guardar. não as guardo mas sinto-as: essa sensualidade que não é pictórica, não se ensaia nem vem em livro nenhum. é o que sinto contigo, sou eu, és tu. somos os dois quando abro os olhos. nas minhas mãos, o azul-prata do mar e do sonho.