recuso-me a acreditar em soluções fáceis. em estalares de dedos, em escapes alienantes, em santos milagreiros. a beleza polida e forjada da fraqueza de carácter não se equipara nunca à coerência isométrica do pensamento lateral, ao poder da comunicação, à abordagem das perspectivas, à pega de caras.
há nas narrativas de tudo quanto possa ser adjectivado de milagroso um cheiro bafiento a auto-comiseração e credulidade miserável, multidões em delírio histérico. não que não exista benefício na crença em alguma metafísica, mas só se esta servir de impulso, de motor de arranque, de inspiração a uma qualquer resolução concreta. o verdadeiro milagre é a coragem desinteressada, é a paixão. é o olhar para dentro antes de olhar para fora, mapear as inconstâncias e atacá-las estrategicamente, como pragas de parasitas que se destroem com minúcia e determinação. palavras-chave. realizações que pedem muito mais do que simples ambição abstracta, feita de expectativas e sombras de desejos - pedem qualquer coisa mais viva, mais forte. qualquer coisa que não se presta a superficialidades nem a conformismos. disse sun tzu na sua "arte da guerra" que, para termos a garantia de que podemos vencer à vontade cem batalhas, temos de nos conhecer a nós próprios tão bem como ao nosso inimigo. conhecimento - e o discernimento para ver além das evidências.