domingo, dezembro 12, 2004

emaranhado

o que fazer quando os nossos interesses colidem com os dos que nos rodeiam, as nossas aspirações não se limitam a simples constatações repetidas ao longo de muito tempo pela boca de muitas pessoas, a nossa liberdade é condicionada por inúmeros obstáculos, visíveis ou não, que nos impedem de levar a cabo os nossos empreendimentos mais básicos? o que fazer?
não será desonesto limitarmo-nos a reprimir as nossas vontades, com base no bom-senso e na manutenção da concórdia? e não será inconsciência, ou até egoísmo cru, passarmos por cima de tudo e de todos, desafiando as nossas próprias limitações, correndo em direcção ao mais profundo dos nossos desejos?

haverá uma altura em que percebemos "é agora ou nunca"? ou a incerteza que nos acompanha desde crianças permanece ao longo das diferentes fases da nossa vida, influenciando a nossa adaptação às circunstâncias que nos condicionam? talvez o excesso de optimismo e a crença positiva no futuro, essas variantes do sebastianismo, não passem de ilusões imaturas características de quem vive no delicioso ócio da juventude...talvez sejam elas que nos impulsionam, que nos guardam a chave para a felicidade futura e continuada. ou talvez o próprio conceito de "felicidade" não passe de uma quimera construída pelo ser humano, talvez para justificar a sua permanente insatisfação.

não acredito em certezas nem em verdades incontestáveis.

se a vida for, como me parece, uma permanente inconstância, a solução para as nossas dúvidas estará em perspectivar. se determinada visão de um assunto, objectivo, sonho ou filosofia de vida parecer não se enquadrar no contexto de pensamento em que nos demoramos nas horas vagas, experimentemos uma perspectiva diferente. não nos podemos dar ao luxo de recusar à partida aquilo que nos é desconhecido. talvez se deixarmos para trás as reservas e as inibições, se não nos tomarmos como seres certos, perfeitos, cujas falhas mal se notam, talvez consigamos ver com mais nitidez aquilo que pretendemos. talvez o processo da evolução esteja verdadeiramente na descoberta e não no aperfeiçoamento.